Selecione o idioma

Portuguese

Down Icon

Selecione o país

Portugal

Down Icon

Trent Reznor foi “feliz” no NOS Alive e nós felizes com ele

Trent Reznor foi “feliz” no NOS Alive e nós felizes com ele

Mr. Self Destruct, Wish, “March of the Pigs”, “Piggy” com uma coda de improvisação jazzística, Copy of A ou “The Head That Feeds” cozinharam um line-up de luxo e o público, em muito menor número do que em Muse, foi-se insuflando em êxtase. Tudo o que queriam ouvir entrou-lhe pelos ouvidos e nem Closer falhou. Every Day Is Exactly the Same, mas amanhã, quando acordarem, será um dia ligeiramente diferente.

A verdade é que Nine Inch Nails em 2025 conseguem continuar tão relevantes como nos anos 90 e 00. São-no ancorados numa contínua experimentação, que vai muito além do rock industrial, e numa estética cinematográfica eximia, ou não fossem eles o rosto por trás do Future Ruins, festival que acontece em novembro em Los Angeles, dedicado a autores e compositores de bandas sonoras. Ou não fossem eles uma banda multipremiada com Óscares e Globos de Ouro por filmes como Soul (2020), A Rede Social (2020), Millennium 1 — Os Homens Que Odeiam as mulheres (2011) ou Challengers (2024).

Em muitos momentos do concerto sentimos precisamente a mesma vertigem que Luca Guadagnino filmou em Challengers, graças a uma câmara que esteve em palco e foi transmitindo imagens a preto e branco, em direto. Às vezes distorcidas, às vezes sobrepostas, às vezes com os outros membros da banda — Robin Finck, Alessandro Cortini, e Ilan Rubin – outras vezes focadas em Trent Reznor, nos seus movimentos incansáveis, na veia do pescoço que queria rebentar, no fumo e nas luzes que o engoliam e camuflavam. Talvez seja esta a imagem que guardaremos da atuação dos Nine Inch Nails no NOS Alive 2025. Uma névoa em movimento, um arrepio no corpo, a vertigem de estarmos vivos, apesar do tanto que purgamos. A imagem certa, do concerto certo.

Antes dos Nine Inch Nails, e já depois dos Jet tocarem aquela que todos queriam ouvir (não houve muita história para além de Are you gonna be my girl?) e de Amyl and the Sniffers mostrarem, como diz Ana Markl, que o amor é o novo punk (“I’m not looking for trouble, I’m looking for love”), os Muse deram um espetáculo espampanante e operático, como é seu apanágio. O Observador acompanhou a atuação de Matt Bellamy, Christopher Wolstenholme e Dominic Howard ao lado de um grupo de pessoas cegas que testaram a app 5G Guia-NOS, desenvolvida pela NOS Inovação, em parceria com a Access Lab, empresa que trabalha para garantir o acesso de pessoas com deficiência, surdas e neurodivergentes à cultura e ao entretenimento. Ativámos todos os sentidos, deixando para segundo plano a visão, para viver o concerto dos Muse na companhia de Francisco e Mariana, como contamos nesta reportagem.

“A aplicação tem a componente de audiodescrição, em que a câmara do telemóvel passa a informação daquilo que está à nossa volta. A ideia é que as pessoas possam usar isto autonomamente”, explica Aliu Sane Baio, músico, fotógrafo e dramaturgo cego, porta-voz desta experiência piloto. Elementos textuais e para-textuais, como cores, objetos e até expressões faciais, são traduzidas em tempo real através de Inteligência Artificial. O objetivo, como frisa Margarida Nápoles, diretora de comunicação corporativa e responsabilidade social da NOS, é que a app vá para o mercado e que “esteja disponível para todos”.

observador

observador

Notícias semelhantes

Todas as notícias
Animated ArrowAnimated ArrowAnimated Arrow